SomebodyShotThePresident

Nokia 3310

Não acredito em que não tenha tido um. Pelo menos nas mãos.
Os Nokias 3310 popularizaram-se, depressa e...bem, demais. Não que seja assim de estranhar, crescemos com o encostar a um canto dos pagers e a mania das agendas eletrónicas.
Voltando aos Nokia...Podíamos personalizá-los ao máximo. Desde o ecran às teclas, das capas aos toques, passando pelo nome dos modos, tudo podia ser alterado. As capas compradas na feira podiam ter paisagens matizadas com golfinhos, águias do Benfica ou estrelas invertidas. Pouco importava. Os mais criativos e de traço firme utilizavam aquelas canetas para escrever em acetato.
No fundo, os Nokias eram os hi5s da altura. Bastava um olhar atento (às vezes, nem isso) ao Nokia para saber que tipo de pessoa tínhamos pela frente.
Passávamos imenso tempo a trocar e a fazer download de wallpapers, dos mais fofinhos aos mais porcos. As mensagens e os toques eram constantes e passávamos horas a tentar bater o recorde do Snake. O telemóvel ficava inutilizado, invariavelmente, quando as teclas encravavam ou a bateria viciava.
No fundo, no fundo (há que admiti-lo) fomos a pré-história dos serviços de toques e imagens e da escrita com “x” e “k”. Ainda de destacar as horas passadas a copiar códigos para o compositor de toques: 8#a1 4f.#2 32#g1…
O facto dos Nokia serem tão populares, para além das mensagens (e aquele toque irritante de mensagem...), deu ainda origem ao fenómeno dos toques. Algo de único. Podíamos passar horas aos toques. Se alguém nos dava um toque devíamos responder. Bem vistas as coisas, até era simpático. Era uma maneira de dizer: "lembrei-me de ti". Havia quem desse toques à lista inteira, passando depois horas a responder a todos os que entretanto tinham respondido. Ou então, aqueles que passavam uma hora ou mais...simplesmente aos toques. Um toque, toque de resposta, toque de resposta à resposta, toque de resposta à resposta à resposta.
Depois chegaram os tarifários com mensagens grátis e os toques tornaram-se obsoletos. Além do mais...era um bocado parvo.
Sim, eu tive um Nokia 3330 (um 3310, mas vinte números à frente) com teclas de borracha e uma capa do Mickey (o meu hi5 não anda muito longe disso) e, quando esse faleceu, ainda tive de ter 2300 antes de conseguir passar aos Samsung.