quarta-feira, 11 de junho de 2008

Deixem-me contar-vos uma história

Era uma vez (porque todas as histórias devem começar por era uma vez) um dia quente de Junho, Junho Primavera já a avisar que vinha aí o Verão.
Nesse dia de Junho havia no reino uma grande greve de camiões, camionistas e transportadoras e transportadores (porque uns eram com A e outros com E).
Como por magia, os senhores camionistas tinham paralisado o reino. Não havia pão na mesa nem gasolina nas carroças.

As filas nas estações de abastecimento de carroças do reino obrigaram os guardas reais (que na verdade eram fadinhas encantadas pipilantes) a sair à rua - e mesmo assim todos os seus encantamentos não resultaram: não conseguiam pôr o país a mexer.
Todo o reino saiu à rua, causando este caos. Tudo por causa dos arautos do reino, criaturas naturalmente dramáticas que decidiram anunciar anarquia, só para ver se colava. Colou. Os súbditos daquele reino tinham uma queda natural para o drama. E Apocalipse.

O feitiço malvado dos camions e dos camiões (porque uns tinham umas buzinas mais graves e outras mais agudas) era demasiado forte.

Numa dessas intermináveis filas, seguia acidentalmente - apanhado na perfidade da paralisação do reino - uma carroça gigante. Os mais velhos chamavam-lhe "autocarro".

Nesse "autocarro" ao sol e há uma hora e meia (em vez dos quarenta e cinco minutos habituais) seguiam muitos súbditos.

Por entre os súbditos impacientes e silenciosos, no lugar de honra, seguia uma princesa afundada na cadeira forrado com tapetes que lhe fazia comichão nas costas e que ouvia furiosa música tão alto que de vez em quando havia quem se voltasse para trás curioso.

Subitamente, os phones caíram também eles sob o poderoso e terrível feitiço dos camionistas e morreram ali mesmo. No aparente silêncio que se fez, a princesa descobriu no alto rádio do autocarro a Rádio Renascença. Os duendes orelhudos da Rádio Renascença, sempre a espalhar a confusão, puseram a tocar naquele momento e bem alto "I Feel Good". A princesa levantou-se, prestes a não responder por si. Felizmente, chegaram ao terminal naquele momento.
*FIM*

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