quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mafra, Jardim do Cerco.
Quase dez horas. À espera do concerto dos Deolinda.
Chovia ininterruptamente, ainda que aquela chuva fraquinha, mas mesmo há mais de uma hora. E não tinha ar de ir parar tão cedo.
Lugares na Plateia A, lenços enrolados na cabeça como uma velhota. As cadeiras meio desconfortáveis estavam molhadas, algumas pessoas com guarda-chuvas a bloquear a visibilidade, outras com casacos à cabeça. Perante a avalanche de mantas vermelhas à nossa volta a Inês foi buscar duas mantinhas que a EDP estava a oferecer, uma para cada.
Eu mantive o lenço à cabeça e tapei-me até ao pescoço, gelada e encharcada. A Inês, de sandálias na relva ensopada pela chuva, tirou da cabeça o bolero que lhe tinha emprestado e fez um lenço da manta, como uma velhota. Enrolou o bolero à volta do pescoço como se fosse um lenço.
Olhei à minha volta, vejo o cenário caótico de mantas e chapéus e lenços e desenrascanços da chuva e a situação está prestes a cair em mim quando isto começa a tocar bem alto:



Não me ria com tanto gosto há imenso tempo.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

As coisas que acontecem quando uma criança sub-10 entra no meu quarto:

Curiosa:
"Isso é o quê?"
Ensonada:
"Música."
Mais curiosa:
"É o quê?"
Meio entusiasmada com a esperança de estar a começar uma história para contar daqui a vinte anos:
"John Lennon. Gostas?"
Desdém:
"Não."

Pronto, eu tentei.

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