sábado, 13 de outubro de 2007

And Now, For Something Completely Different...

Corri a biblioteca da FLUL de uma ponta à outra. Dos quatros livros de JFK (sim, tenho a minha faceta Santana Lopes, e daí?) consegui encontrar um - e não podia requisitá-lo. Ora isto de se dizer que percorri todos os pisos da biblioteca da FLUL não é exactamente dizer que se fez a Ponte Vasco da Gama numa feijoada. Exige olhos (quatro de preferência), paciência e pernas. Uns ténis também é aconselhado. Apesar destes dificeis requisitos, consegui. Corri-a por inteiro. Encontrei um canto (e bem grande) de teoria literária. Livros sobre livros. Escrita sobre escrita. Impressionam-me. E invejo. Eu podia ser assim. Escrever frases bonitas sobre escrever. ( E olhem que esta frase reflecte-se). Mas não sou. Eu gosto de ser do contra. E se me vêm aqueles artistas perdidos no éter de uma confusão de reflexões sublimes e elevações de alma dizer que escrever é tudo dito atrás, eu contrario. Eu uso as analogias mais aborrecidas e dificeis. Eu gosto de empurrar musas para o lodo - e certificar-me de que engolem algum. Não é bonito, mas é irresistivel. Ando fartinha de estas poesias entendiantes e banais, banais, banais...
Posso?
Amigos (posso dirigir-me a vocês, como leitores? já tenho dezanove anos, caraças)...caro leitor, escrever é de uma simplicidade chocante - e vou usar a expressão mais cândida e simpática, para não ferir susceptibilidades, a minha incluída - escrever é como ir à casa de banho.
Bonita analogia, hum?
Eu explico. Podemos ter uma certa vontade. Mas não escrevemos logo. No entanto sabemos - mais tarde ou mais cedo, é inevitável. Às vezes adiamos demais; acaba por não ter piada nenhuma. Não é algo que dominámos desde sempre: há quem nos eduque. Começam por ajudar-nos. Em pouco tempo e com um bocadinho de força de vontade, já nos desembaraçamos perfeitamente sozinhos. Por vezes, não temos onde escrever (sim, ainda estou a falar da escrita). E isso é um pesadelo para quem realmente precisa - pelo menos o meu. Andámos feitos doidos à procura de um mísero papel onde escrever. Mais frequentemente do que seria desejável, acabámos a escrever em guardanapos, braços e mãos, toalhas de mesa, portas de casa de banho, nos cantos dos livros, em notas...basicamente em qualquer canto disponivel. Para muitos, é o único momento zen do dia.
Levava a analogia mais longe, agora que já perdi uns quantos amigos com esta comparação inusitada, mas o meu espaço criativo situa-se entre as onze da noite e as duas da manhã. Tenho sono. Penso que não é necessário concluir a analogia - o leitor é perspicaz e pelo que acabou de ler, entende melhor do que ninguém.

PS. Também sou capaz de ter uma boa analogia para os leitores...mas isso fica para outro dia, quando estiver mais sã.
PPS. Citando o Miguel Góis, a palavra a reter aqui é "analogia".
12 de Outubro, 00:17.

1 Comment:

  1. Subterranian \ Ultravioleta said...
    estou contigo e "Para muitos, é o único momento zen do dia." - yah!

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