segunda-feira, 17 de março de 2008

Sem conclusões

A semiótica é uma arte.
(isto depois de ter olhado com atenção para Umberto Eco que para além de a ter estudado bastante, é realmente bom e acessível nisso e, além disto, é careca, tem uns óculos à Harry Potter, é uma das maiores entidades mundiais em James Bond, tem um sentido de humor delicioso e mexe-se na Idade Média como se a tivesse criado)
Basicamente, é o ter na disposição das palavras e das estruturas, o encaixe dos significados.
Isto é.
Indo ao verdadeiro significado da semiótica em si, é a arte de manobrar as tropas (i.e., os leitores) por forma a tê-las (e ao inimigo - aos significados e não-significados) onde queremos e, ainda mais interessante, manobrá-los e -las deixando, a partir desse local, espaço para construir uma conclusão que não parte de quem manobra, mas da mente de quem é manobrado, diferindo assim de pessoa para pessoa como difere a experiência de cada um. Isto, se bem feito, dentro de um determinado horizonte que deve funcionar de acordo com o ponto de partida do autor e o mundo da obra.
Ou seja, um texto, livro, obra deixa de pertencer ao autor passando a pertencer ao leitor.
Basicamente é, enquanto autores, dizermos sem o dizer.

Porque é que estou com isto tudo, eu que abomino teoria da literatura?
Epah, queria só uma desculpa credível para utilizar este exemplo:

"O Herman José tem uns óculos que nas armações têm escrito, com brilhantes e em grandes letras, "BITCH". Arranjou-os em Las Vegas. Foram-lhe oferecidos pelo Elton John."

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