sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Aconteceu

Uma pequena nota inicial - o meu pai chama-se Dinis.

Estamos a organizar alguma papelada, quando o telemóvel do meu pai toca.
Ele atende:

"Estou?"
"Estou? É o António?"
"Não."
"Então quem é que fala?"
"É o João."
(O senhor do lado de lá da linha, estoicamente, não desiste).
"Epah, então João 'tás bom?"
"Tou, tou."
"Então o que é que 'tás aí a fazer?"
"Olha, estou a beber umas imperiais e comer uns caracóis."
"Aaah... eu gosto mais com tremoços." *desliga*

Nunca mais digo 'é engano' na vida. Nunca.

Agora ganhas vida? AGORA?!

No segundo ano de faculdade tive uma cadeira chamada Política Económica e Social da União Europeia.

Havia apenas uma grande gorda aula por semana, à Sexta-feira.
Às oito da manhã - saíndo eu da faculdade às nove e tal da noite de Quinta-feira (depois de passar lá o dia inteiro, sem hora sequer para almoçar).

Como se isso não fosse o suficiente, a matéria da cadeira em si era pouco...hum... digamos envolvente.
A cereja no topo do bolo era a última linha de defesa que também falhava - o discurso monocórdico, desinteressante, pouco cativante, em nada particularmente memorável do professor.

Ora, quando eu ontem chego a casa e ligo a televisão e vejo o sr. professor, com honras de abertura no Jornal da Noite, com um discurso inflamadíssimo no centro da Assembleia da República, penso que estou no meu direito quando me salta a tampa.

Gripe

Mas não foi da A. Acho eu.
Foi gripe normal.
Seja como for, estive três dias em casa enrolada em mantas a beber cházinhos.
Então e de que forma elevada, culta, digníssima e produtiva eu ocupei o meu tempo nesses três dias?
Ao fim de dois episódios de Flying Circus acordei uma hora depois.
Assim, sem mais nem menos. Decidi então mudar de estratégia.

E foi principalmente assim, assim, e assim.

E é isto que tenho a dizer.

domingo, 22 de novembro de 2009

ReTARDIS


Tenho o meu telemóvel há seis anos. Eu sei - até a mim me surpreende.

Nunca me deu problemas de maior até hoje, nada do que me fez há seis anos trocar de telemóvel - a bateria continua fina, muito raramente se desliga assim do nada.

Ora, a única característica disfuncional (também sei ser politicamente correcta) do meu Samsung são as mensagens. Começou logo no início: para aí há cinco anos.
Numa troca de mensagens (para facilitar chamemos-lhe troca de mensagens A), em vez de receber a mensagem que era suposto recebi a mensagem anterior - repetida. Saí da caixa de entrada e quando voltei, a segunda mensagem (a repetida) não estava lá.
Na vez seguinte (chamemos-lhe troca de mensagens B) em vez da mensagem que era suposto receber recebi a mensagem que era suposto ter recebido na troca de mensagens A.

Desde então, isto tem acontecido volta e meia, vezes suficientes para já ter esgotado todas as letras do alfabeto várias vezes.
Dos momentos mais estranhos foi, no 2º ano de faculdade, entrar para uma aula (Política Social e Económica da U.E.) às oito da manhã e despertar quando recebi de alguém que quase não via desde o secundário uma mensagem a propósito do 'acabado de sair sexto livro de Harry Potter'. A mensagem chegou com TRÊS anos de atraso.
Ou agora mesmo, quando recebi uma mensagem da Inês a pedir desculpas mas não só pensava que eu fazia anos no dia 30 (de Agosto) como pensava que o mês nem tinha dia 31 (o habitual).

Em conclusão - porque é que, honestamente falando, eu não me desfaço do meu telemóvel e arranjo algo mais recente, funcional e apresentável?

Simples: uma parte de mim acredita religiosamente que há algo de máquina do tempo no meu telemóvel e enquanto puder não vou largar mão de uma preciosidade destas. A ciência um dia reclamará estes circuitos insanos.

Impôr respeito aos inimigos

Se Portugal entrasse em guerra o Estado mobilizaria e colocaria ao dispôr das forças armadas as unhas da Maya?

Se há coisa que me entristece é não sabermos (e neste 'nós' estou a falar de nós-portugueses) fazer minutos de silêncio.
Um minuto de silêncio é isso mesmo: um minuto de silêncio e nada mais. Quem já fez um a sério sabe como conseguem ser quase violentos.

A primeira vez que fiz um minuto de silêncio - foram dois minutos, na verdade - foi no 5º ou no 6º ano, por uma aluna do meu básico que morreu num acidente. Morava na mesma rua da escola e, no dia do funeral, as centenas de alunos foram dispensados das aulas e formaram um cordão humano nos dois lados ao longo da rua. Lembro-me de poucas coisas desses primeiros anos do básico, não me lembro de mais nada desse dia, mas dificilmente me esqueço daqueles dois minutos.
Quase no fim dos dois minutos já havia de tudo - miúdos, que nunca a tinham conhecido, a chorar, outros a rir desesperadamente com os nervos, gente irrequieta, incomodados, e outros, como eu, que nunca a tendo conhecido, ficaram completamente congelados.
Foi um momento a sério, humano, com sentido.

Ultimamente, começaram estas mariquices.
O pessoal não aguenta os minutos de silêncio.
Há sempre alguém que verga e começa a bater palmas lá pelo meio ou, então, mete-se uma musiquinha com violinos a acompanhar (como vi agora, antes do Benfas começar).

Até nas homenagens facilitamos, desligamos, somos brandos demais.
É triste.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Camões Popular

Graças ao Nuno Markl e ao Laboratolarilolela aconteceu-me hoje uma coisa espectacular (eu sei, a minha vida anda muito parada).

Encontrei um pedaço de lírica camoniana e quando li aquilo, na minha cabeça, houve um espectacular acompanhamento instrumental - e a voz da minha cabeça foi temporariamente substituída por a de um senhor chamado Artur Gonçalves.

Ora tentem.

Primeiro, a música.

LABORATOLARILOLELA - Artur Gonçalves - Tudo casa minha gente - Antena3 - Nuno Markl

Agora, a cantiga.

Não sei se me engana Helena,
se Maria, se Joana,
não sei qual delas me engana.

Üa diz que me quer bem,
outra jura que mo quer;
mas, em jura de mulher
quem crerá, se elas não crêm?
Não posso não crer a Helena,
a Maria, nem Joana,
mas não sei qual delas me engana.

Üa faz-me juramentos
que só meu amor estima;
a outra diz que se fina;
Joana, que bebe os ventos.
Se cuido que mente Helena,
também mentirá Joana;
mas quem mente, não me engana.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ser Margarida é...

... ver um documentário da BBC começar na RTP2, só pelo genérico perceber que é mais uma hora de cruzada sobre alterações climáticas, decidir que não está com paciência para ver isto, agarrar no comando para tirar o som à televisão ou mudar de canal e mudar completamente de ideias quando percebe que o narrador tem um sotaque escocês.

Suponho que isto passe.
Eventualmente.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

T-shirts


Estou a ponderar fazer essas t-shirts.
Davam-me jeito.
A sério - há lojas que evito. Há meses que não entro na Body Shop, por exemplo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

FLUL

Às vezes é difícil explicar como aquele sítio nos destrói. Mas não são histórias: três anos na FLUL bastam para transformar radicalmente uma pessoa. Agora, tenho provas.
Aqui ficam as imagens:

1. antes.
2. depois.

sábado, 14 de novembro de 2009

Mas baixinho e de bigode

Algures, neste momento, está um Malcom Tucker aos berros.


E com estes pensamentos felizes não me zango e mantenho-me zen.
É o sistema a funcionar. Das séries, por supuesto.

Scolari FAIL


"Li recentemente que o PIB tinha crescido 0,9 por cento no último trimestre. Se calhar foi por causa da Selecção."
"o tema [I Gotta Feeling, Black Eyed Peas] é usado como grito de guerra, porque o ritmo e a letra da música encarnam o sentimento que toda a equipa sente quando entra em campo".
"O nosso público vai dar uma cabazada aos bósnios".
"Cheira bem, cheira a África do Sul".

É impressão minha ou o Queiroz anda a fumar umas coisas?
Ou há algum concurso de "a frase mais rídicula" entre este, o Bettencourt e o Manuel Machado?
É que parece...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Fui passear a um dicionário



Um bonito pout-pourri da língua portuguesa - palavras que por sensatez ou ignorância desconhecia.

agerásico, adj. diz-se de um velho com robustez. (Cp. gr. agératos).

bodalha, s.f. pequena porca. (De bode?).

concho, adj. protegido por concha; fig. muito senhor de si; vaidoso; enfatuado; pachorrento; s.m. (prov.) vaso de folha ou cortiça para tirar água dos poços; sapo -: cágado. (De concha).

desglabrar, v. tr. rapar o cabelo a; refl. ficar calvo. (De des + glabro).

esbambalhado, adj. bambo; lasso.

filogenitura, s.f. amor que determina a procriação dos filhos. (Do gr. philos + lat. genitura).

gebada, s.f. amachucadela do chapéu por efeito de pancada.

hamular, adj. 2 gén. que tem a forma do anzol. (Do lat. hamulu).

isquiadelfos, s.m. pl. e adj. monstros ou designativos dos monstros de corpos duplos, ligados pela bacia. (Do gr. iskhior + adelphós).

jaez, s.m. adorno das bestas; fig. espécie; qualidade; laia; sorte. (Ár. jahaz).
lucho, s.m. sujidade. Cf. luxo. (Cp. lixo e gal. luxar).

mussitar, v. intr. falar por entre os dentes; cochichar; murmurar (Lat. mussitare).

nefelibata, s. e adj. 2 gén. pessoa ou designativo da pessoa que anda nas nuvens, longe da realidade; próprio de quem anda nas nuvens; designativos dos escritores excêntricos. (Do. gr. nephéle + bates).

occíduo, adj. (poét.) ocidental; decadente. (Lat. occiduu).

pantafaçudo, adj. bochechudo; monstruoso; grotesco; ridículo. (De face, etc?).

quotiliquê (qu-ô), s.m. pessoa ou coisa de pouco valor; bagatela; ninharia; ant. coisa distinta; nobreza (Da soletração de q [quê-u-til=quê].

rubígine, s.f. o m.q. ferrugem. (Lat. rubigine).

solerte, adj. 2. gén. astucioso; velhaco; finório; expansivo; alegre. (Lat. sollerte).

tiromancia, s.f. suposta adivinhação com o emprego do queijo. (Do gr. tyrós + manteia).

uxoriano (cs), adj. relativo à esposa (Fr. uxorien).

vesano, adj. louco; maníaco; insensato (Lat. vesano).

xurdir, v. intr. (prov.) lutar pela vida; mourejar.

zizaniar, v. intr. semear a discórdia. (De zizânia).



Tudo do meu velhote Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, 5ª edição ("muito corrigida e aumentada).

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ser Margarida é...

... sempre que preciso de tomar uma decisão, raramente faço alguma coisa sem, primeiro, reunir para consulta o Conselho Superior de Maggiestratura.

...


Fiz este post só por causa do trocadilho palerma?
Talvez.
Mas não é menos verdade por isso - e não obrigo ninguém a usar togas.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Bonito, bonito

Tenho o último episódio de How I Met Your Mother, um especial de The Thick of It, Kafka, uma dose insana de doces que sobraram do Pão-por-Deus e o meu xaile.

O que é que a esta altura eu poderia querer mais da vida a uma terça à noite?

Novo Visual

Como sempre.
Apeteceu-me.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Jesualdo leva raspanete do dentista.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Porque podem


O que é que justifica esta câmara no topo da Assembleia da República?
Uma imagem bonitinha dos deputados-formiga cá em baixo?

Porquê, Pai Natal, porquê?


1. A Leopoldina meteu implantes e retalhou a cintura. Verdade que a Leopoldina já não é exactamente do meu tempo mas não deixei de me sentir insultada.
A Leopoldina é um pássaro. UM PÁSSARO. Ou melhor - ERA. Porque agora a Leopoldina é um pássaro com braços, não asas. Nem quero imaginar o tipo de operação nazi que foi essa. Basicamente, a Leopoldina é uma pessoa com cabeça de pássaro. Não só é doentio como assustador.


2. Já tinham sido penosos os anúncios da Popota o ano passado. Eu sei que escarneci bastante sempre que aparecia o Tony Carreira versão-popoto. Compreendo, também, que não tenha sido a única e que este ano tenham tentado agradar a outro público.
Mas a sério: Buraka Som Sistema, Popota e Natal são três conceitos que não nasceram para estar juntos.

É assim tão díficil não ser baratucho e famíliaaveiroazeiteiro por estas bandas?
Tenho saudades da Rua Sésamo =(

Lobotomia

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dance for me puppets, dance!

Posto médico, quarta-feira de manhã.

Bastante cheio, mais do que o habitual: vinte e tal pessoas (uma grande parte já gente de meia-idade/idade).
A conversa vai em níveis sonoras bastante elevados. Nada como uma ida ao médico para pôr em dia a conversa com as comadres e os compadres.

A funcionária pede três vezes que façam silêncio, sempre sem sucesso.
A senhora desiste e regressa ao trabalho de secretária.

Cinco minutos depois, no meio da barulheira geral, a funcionária levanta a voz e faz a pergunta sacramental:
"Quem é que tossiu?"
Silêncio.
"Quem é que tossiu?"
Nada. Toda a gente entreolha-se desconfiado/a enquanto eu não consigo esconder o sorriso parvo e feliz pela beleza do momento.
"Alguém tem febre?" pergunta a senhora com um sorriso impagável.

Silêncio absoluto.
Remédio santo.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Eu ri


Vi uma notícia agora mesmo sobre mais um ataque suicida no Paquistão. Até aqui, tudo normal. Mas a certo ponto é referido um pormenor que me fez gargalhar. Os suicidas eram dois - numa motocicleta. Aposto que era uma Famel e tudo.

Bónus - representação sonoro-escrita do atentado:
*fruum tchétchétché fruuuuum tchétchétché frrruuuuuuumvnéééééééé NÉÉÉNÉÉNÉNÉÉÉÉÉ iiiiiiiiiih KABOUM*

É incrível como isto tem tanta piada para mim. Será que tenho uma espécie de super-poder, um sentido de piada demasiado apurado?
É que na minha cabeça este atentado até teve banda sonora do Spike-coisa-mais-precisoa-da-sua-avó-Milligan e tudo.

A propósito do "surto" de Gripe A em Valença a TVI enviou uma repórter para o lado de lá da fronteira, em busca de galegos em pânico com a situação.
Naturalmente, não encontrou nenhum que não lhe encolhesse os ombros ao facto de haver muita febre do lado de cá do Minho.

Mas a parte gira não foi essa.

Foi a repórter da TVI a esforçar-se e a dobrar a língua num castelhano nada mal conseguido. Como se estivesse em Sevilla, não na Galiza.

Resultado?

"Pero no tienes medo... de... de... de la gripe?" consegue laborosamente a jornalista.

"Não tenho medo nenhum." responde-lhe o galego.

Portugaliza FTW.

domingo, 1 de novembro de 2009

Meus caros, lembram-se do caso que aqui vos relatei da minha guerra com o Continente por causa da repetição ad eternum do mesmo cd na música ambiente?
Recebi a carta de resposta a semana passada E voltei ontem ao Continente em questão.
Pois é, victory is mine.
Habemus cd novo.
Fiquei feliz com uma patetice destas? Fiquei sim senhor. É bom saber que salvei os funcionários daquele espaço da loucura certa.

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